“Encantou milhares de ouvintes na região e cultivou amizades às centenas. Pena que não entreguei em tempo uma letra para que, de repente, ele a transformasse em melodia”.
Fábio Lopes
O roteiro não podia ser diferente para um leônico sambista partir. Na madrugada de sexta-feira, ainda que não fosse na boemia; embora não bebesse, mesmo sendo um sujeito família.
O fim de semana não será igual depois que o silêncio o abraçou, na figura de Leonardo Silva de Jesus. A beira da piscina está mais triste, o clima do barraco está mais árido, o volume do som do carro está mais baixo. Tudo que ele, talvez, tenha lutado contra, durante 49 anos.
Por falar do verbo, que tal usar o substantivo luta, que acompanhou a vida de Leonardo Léo desde a tenra idade? A perda precoce do seu genitor Élio, os filhos mais que especiais Nadine e Joatan, a saudosa sobrinha, o incansável trabalho cotidiano na Secretaria de Saúde, em Ilhéus. E o refúgio, a fortaleza, onde ele recarregava suas energias, era o samba, o colo da amada Bruna, o pagode, os braços da mainha Airam, as composições, o afago dos irmãos Hélio e Eliã, os shows, os abraços dos amigos.
Léo não matava um leão por dia, porque, além de semelhante não matar semelhante, ele resumia sua feição sempre num sorriso contido e tímido, ou mesmo largo e fácil. Gentil e sereno, firme para agradecer e fiel ao cantar para Deus. (Rugido de leão pode ser ouvido até nove quilômetros de distância).
Encantou milhares de ouvintes na região e cultivou amizades às centenas. Pena que não entreguei em tempo uma letra para que, de repente, ele a transformasse em melodia. Entretanto, nada fez falta ao vasto repertório deste ser iluminado, que irradiava alegria por onde sua música percorria. Gigante, ele abrigava tanto amor no peito que o seu coração – que entregara a Bruna e a Léo Elio, e a todos – não resistiu a tamanha emoção. Por sinal, o nome científico do leão é Panthera leo.
Agora, “leônicamente”, ele segue na luz, ao encontro do pai e do Pai Celestial. A configuração é essa.
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