Qual foi a garantia que o PCdoB deu ao prefeito Augusto Castro (PSD) de que vai apoiar sua reeleição ? Confesso, com toda sinceridade do mundo, que não tenho sequer um começo de resposta.
Não existe almoço de graça no movediço e traiçoeiro mundo da política. Até as freiras do convento das Carmelitas sabem dessa inquestionável máxima. Com efeito, nem café da manhã e, muito menos, jantar.
O gestor de Itabuna, tido como um bom articulador político, que sabe se movimentar nos bastidores, não iria entregar a secretaria de Educação para o PCdoB sem ter como contrapartida o apoio ao segundo mandato. Seria muita ingenuidade.
E a federação composta pelo PT/PCdoB/PV ? A única dedução é que o augustianismo não acredita que esse trio partidário vai ter candidatura própria e, como consequência, a presença das três maiores lideranças do lulopetismo da Boa Terra - Jerônimo Rodrigues, Rui Costa e Jaques Wagner - na campanha do segundo mandato, sendo sofisticados "cabos eleitorais" pela permanência do chefe do Executivo por mais quatro anos no comando do cobiçado centro administrativo Firmino Alves.
O problema é que, pelo andar da carruagem, a federação caminha a passos largos para ter um representante na sucessão municipal. Como o PCdoB e PV não terão pré-candidatos, o ex-prefeito Geraldo Simões, do PT, vai ganhar o jogo por WO.
A missão do PCdoB no pleito de 2024 é eleger dois vereadores, que se dane o segundo mandato de Augusto. Para conseguir colocar dois edis na Casa Legislativa, vai precisar expor seus postulantes no horário eleitoral da federação. Outro ponto é que a decisão de apoiar o candidato do trio partidário vem de cima para baixo. Se houver algum impasse, caberá a executiva nacional a palavra final, que tende a ser por candidatura própria.
Vale lembrar que a previsão é de que a federação emplaque três edis. Como o PCdoB dar como favas contadas a eleição de dois, fica para o PT uma só vaga. O PV terá dificuldades para convencer algum filiado a sair candidato, que seria logo chamado de "bucha de canhão", como diz a sabedoria popular.
O PCdoB deve ao PT sua sobrevivência política. Se não fosse a federação, o Partido Comunista do Brasil seria abatido pela temível cláusula de barreira. Iria integrar o rol dos partidos nanicos sem horário eleitoral e dinheiro do fundo eleitoral.
Ontem, caro e atento leitor, saiu nas redes sociais uma declaração de um militante do PCdoB muito preocupante para o augustianismo. "Se Geraldo Simões for o candidato pela federação, o PCdoB sairá do governo e apoiará", disse o integrante do diretório municipal.
Em conversas reservadas, entre correligionários mais próximos de Augusto, já há quem defenda a saída do PCdoB do governo, colocando na secretaria de Educação um indicado pelo Republicanos, legenda sob a batuta do deputado-bispo Márcio Marinho, presidente estadual da sigla.
Portanto, o melhor conselho para o prefeito Augusto Castro, que tem todo o direito e legitimidade de buscar sua reeleição, é que tenha um olho no padre, outro na missa.
Marco Wense
Itabunense, Advogado e Articulista de Política
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