Cara de um, focinho do outro. Dando nome aos "bois", se trata de Sérgio Moro, hoje Senador pelo União Brasil, e de Deltan Dallagnol (Podemos), eleito deputado federal pelo Estado do Paraná.
Em comum entre eles, o fato de terem usado a Lava Jato como instrumento para entrar na política. Moro como então juiz da operação e Dallagnol sendo o coordenador da força-tarefa.
Ao usarem a Lava Jato com segundas intenções, na base do maquiavelismo de que os meios justificam os fins, jogaram a imprescindível imparcialidade na lata do lixo. Deu no que deu : a elegibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva e, como consequência, o governo Lula 3.
E por falar em Moro, que virou ministro da Justiça da gestão bolsonariana, como se o cargo fosse uma recompensa pela sua atuação na Lava Jato, o que ele fez com Álvaro Dias, presidente nacional do Podemos, vai ficar como a maior traição da história da República. Usou o partido, que gastou muito dinheiro para promover sua obsessão de virar chefe do Palácio do Planalto. Na calada da noite, se filiou ao União Brasil passando a ser adversário de Álvaro como candidato ao Senado. Com efeito, Álvaro Dias não conseguiu se reeleger.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o mandato de Dallagnol, assentado no fato de que o parceiro de Moro na Lava Jato "pediu demissão do Ministério Público Federal em 2021, enquanto era alvo de 15 processos administrativos". A esperteza de Dallagnol não foi suficiente para se livrar da Justiça Eleitoral.
Para se defender da cassação do registro de candidatura pelo TSE, Dallagnol está dizendo, sem nenhuma prova, portanto irresponsavelmente, que existe um acordo do relator do processo, ministro Benedito Gonçalves, envolvendo sua indicação para o Supremo Tribunal Federal (STF), instância máxima do Poder Judiciário.
Ora, ora, logo quem falando de acordo. A atuação do senhor Deltan Dallagnol na Lava Jato foi marcada por diversos acordos e conchavos, denunciados na época pelos meios de comunicação. O telhado de Dallagnol é de vidro.
Buscando uma sabedoria popular, a que mais se encaixa no comentário de hoje, é que Moro e Dallagnol "são farinhas do mesmo saco". São de um cinismo inominável.
O MEDO DO "PALOCIAR"
Quem diria que a situação de Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama da República, ficaria mais complicada que a do marido Jair Messias Bolsonaro ? Pois é. A qualquer momento Michelle pode ser convocada para prestar esclarecimentos à Polícia Federal. No celular do tenente-coronel Mauro Cid, agora com o "título" de ex-ajudante de ordem do Palácio do Planalto, muitas mensagens de pedidos de dinheiro para Michelle. A ordem é para que Cid sacasse o dindin em espécie. A maior preocupação do bolsonarismo é com uma eventual delação do tenente-coronel. Se sentindo isolado, sem apoio, pode "chutar o pau da barraca". Muitas orações já estão sendo feitas, pedindo que Cid não seja um Antônio Palocci, ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil do então governo do PT. O medo é de que Mauro Cid, já chamado de "homem-bomba", seja tomado pelo espírito de Palocci e, como consequência, "palociar".
Marco Wense
Itabunense, Advogado e Articulista de Política
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