A corrida pela presidência da União dos Municípios da Bahia (UPB) ganhou contornos estratégicos que ultrapassam os interesses dos prefeitos envolvidos, Augusto Castro (Itabuna) e Phellipe Brito (Ituaçu). Por trás dessa disputa, há movimentos políticos com potencial de reconfigurar alianças e fortalecer lideranças no cenário estadual e nacional, sobretudo de olho em 2026.
O senador Otto Alencar (PSD), líder do partido na Bahia, não esconde sua intenção de manter o controle da UPB. Para Otto, o PSD, que elegeu a maior quantidade de prefeitos no estado, deve continuar à frente da entidade, atualmente presidida por Quinho Tigre (PSD), prefeito de Belo Campo. A estratégia é clara: garantir que o partido permaneça hegemônico em um espaço que influencia diretamente a interlocução dos municípios com o governo estadual e federal.
Por outro lado, o PT, liderado pelo governador Jerônimo Rodrigues e pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, também enxerga na disputa uma oportunidade para fortalecer seus projetos políticos futuros. Rui, que almeja uma vaga no Senado em 2026, aposta no consenso como forma de evitar rupturas dentro da base aliada e enfraquecer possíveis adversários, como o senador Ângelo Coronel (PSD), cujo apoio ao municipalismo pode se tornar um trunfo na sua própria reeleição.
Além das articulações políticas, a disputa pela UPB coloca em xeque a capacidade de lideranças locais em unir interesses divergentes. Enquanto Augusto Castro garante ter o apoio de cerca de 100 prefeitos, Phellipe Brito apresenta um número mais modesto, mas focado. Essa diferença numérica pode ser tanto um blefe político quanto um indicador das articulações de bastidores.
A entrada de Wilson Cardoso (PSB), apoiado por Jaques Wagner (PT), adiciona mais uma camada de complexidade à disputa. Se Otto busca impedir que o PSB assuma o comando da entidade, Rui Costa aposta em um consenso para evitar desgastes entre aliados e preparar terreno para 2026.
A pergunta que fica é: quem realmente sairá fortalecido dessa disputa? A presidência da UPB é apenas a ponta de um iceberg político que reflete os interesses de lideranças regionais e suas ambições futuras. Para os municípios, o desafio será garantir que a escolha do novo presidente não se limite a um jogo de poder, mas traga benefícios reais para a gestão pública.
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