O principal objetivo de uma ampla coligação partidária é enfraquecer os adversários, passando a impressão de que eles estão desamparados, isolados no processo eleitoral.
O desejo silencioso de todo candidato, seja a prefeito, governador e presidente da República, é fazer uma aliança com poucos partidos. Bom mesmo é ganhar a disputa somente com sua sigla, compondo uma majoritária puro-sangue.
Saindo vitorioso do pleito, a missão de governar fica menos complicada, sem o institucionalizado toma lá, dá cá. E o pior é que a entrega dos cargos prometidos, obviamente de primeiro escalão, é feita sem nenhum critério. Basta o partido indicar um nome e pronto. O indicado vira secretário com o parabéns do candidato eleito.
O vice, quando é de outra agremiação partidária, é sempre alvo de desconfiança. Com efeito, todo vice quer ser prefeito. Quando o titular do cobiçado cargo não pode sair mais candidato, impedido de postular o terceiro mandato consecutivo por força da legislação eleitoral, o vice passa a ser um prefeiturável.
Tomando como exemplo a sucessão presidencial de 2026, o lulopetismo já discute, nos bastidores, longe dos holofotes e do povão de Deus, a possibilidade de uma chapa PT-PT, com Lula buscando o quarto mandato. Fernando Haddad, ministro da Fazenda, seria o vice.
Salta aos olhos que essa composição 100% petista só pode dar certo, tornando-se viável, se houver uma melhora significativa na economia, com as pesquisas apontando, além de uma queda na rejeição a Lula e um crescimento nas intenções de voto, uma boa aprovação ao governo.
O que também oxigena uma majoritária puro-sangue, PT e PT, é a idade de Lula. Em 2026, o petista-mor terá 81 anos. Com essa idade, uma eventualidade pode acontecer a qualquer momento. Haddad, como vice na majoritária, assumiria o comando do país.
E por falar em aliança partidária, o PSD está achando pouco a titularidade de três ministérios. Ameaça romper com o governo Lula caso suas reivindicações não sejam atendidas.
A "fome" dos partidos pelas benesses do poder é insaciável. Querem mais e mais. Esse "mais" é sempre pouco. É motivo de revolta. Ficam logo rebeldes. O governo de plantão, em nome da tal da governabilidade, tem que fazer mais um "cafuné". Termina ficando refém do toma lá, dá cá.
Somente duas siglas, de expressão nacional, não compõem a Esplanada dos Ministérios : o PL, abrigo partidário do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, e o Novo que tem como mais ilustre filiado Romeu Zema, governador de Minas.
O chamado centrão, com destaque para o União Brasil e Republicanos, é quem mais usufrui das regalias do governo federal. Com efeito, é governo em qualquer governo, seja de direita, esquerda e suas variantes.
O engraçado é que o Republicanos e o União Brasil já têm pré-candidatos a presidente da República : os governadores Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado, respectivamente de São Paulo e Góias. Seus partidos vão mamar nas tetas do governo Lula até perto do prazo limite para romper. Se sentirem o "cheiro" do fracasso do lulopetismo vão dar um chega pra lá na reeleição do petista-mor.
O que mais predomina em toda essa discussão sobre o pleito de 2026 é o cinismo. O apunhalar pelas costas, sem dó e piedade, vai caracterizar o processo sucessório presidencial.
As "cobras" têm duas cabeças. É uma querendo engolir a outra. O cuidado tem que ser dobrado com as peçonhentas.
Comentários: