A deputada federal Lídice da Mata, presidente estadual do PSB, anda dando declarações que podem minar sua pretensão de ser o nome da oposição para enfrentar Bruno Reis, prefeito de Salvador e pré-candidato à reeleição pelo União Brasil.
Lídice, ao ser questionada sobre a sucessão soteropolitana, disse que Rui Costa (PT), ministro-chefe da Casa Civil, é o "único" nome capaz de unir totalmente a base aliada na disputa pelo comando do Palácio Thomé de Souza.
A parlamentar, que já foi gestora da capital, pode até ter razão. Mas é o tipo de declaração que deve ser evitada. Quem deve conduzir o processo sucessório é o governador Jerônimo Rodrigues. Do contrário, assume o papel de coadjuvante. Não teria cabimento a maior autoridade política da Boa Terra ficar em segundo plano.
Esse "único" de Lídice, além de atingir Jerônimo, respinga também no senador Jaques Wagner. O caminho da dirigente-mor do Partido Socialista Brasileiro rumo a Prefeitura de Salvador ficou mais complicado com essa infeliz opinião.
Outro ponto é que Rui Costa não pode ser o condutor, o protagonista do processo sucessório. Como ministro da Casa Civil, buscando atrair apoio das legendas para o governo Lula 3, é desaconselhável se meter nos imbróglios que a sucessão de Bruno Reis deve causar.
Vale lembrar que o União Brasil tem três ministérios na Esplanada. A sigla, em que pese ter ACM Neto como secretário-geral e o presidente Luciano Bivar insatisfeito por ter sido escanteado nas negociações, já é considerada, pelos menos informalmente, como integrante da base de sustentação política do lulopetismo. A agremiação partidária, que surgiu da fusão do DEM com o PSL, é tida como imprescindível para a tal da governabilidade.
Lídice, com a inoportuna afirmação de que Rui Costa é o "único" capaz de juntar a base aliada, atira no próprio pé. Lideranças políticas ligadas ao atual governador e ao senador Wagner não gostaram da declaração da socialista.
Concluo dizendo que Lídice menosprezou a capacidade de articulação política do governador Jerônimo Rodrigues, que vem se esforçando para criar sua própria identidade e, como consequência, uma nova corrente política : o jeronismo.
Marco Wense
Itabunense, Advogado e Articulista de Política
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