A INELEGIBILIDADE DE BOLSONARO

É hoje, quinta-feira (22), a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a inelegibilidade do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, que é dada como favas contadas até mesmo pelos mais otimistas bolsonaristas. Já disse aqui que deixar o ex-chefe do Palácio do Planalto livre para disputar a sucessão presidencial de 2026, na busca do segundo mandato, seria um desastre para a instância máxima da Justiça Eleitoral.

Mas o que chama mais atenção nesse julgamento são as ameaças direcionadas ao ministro Kassio Nunes, que foi indicado pelo então presidente Bolsonaro para o STF. Uma liderança importante do bolsonarismo, que não quis se identificar, declarou que se Nunes votar a favor da inelegibilidade, "terá sobre a cabeça dele, a espada do bolsonarismo". E mais : "que vai ficar impedido de andar nas ruas, de frequentar restaurantes com a família".

Que tristeza ver os ministros dos Tribunais cada vez mais perdendo a imprescindível imparcialidade no ato de julgar, acuados por grupos políticos. Até mesmo com medo de tomar uma decisão que sua consciência aponta como a mais justa. O preceito constitucional de que os Poderes da República devem ser harmônicos e independentes está sendo jogado na sarjeta, na lata do lixo. Concluo dizendo que, ou se muda os critérios para indicar quem vai assumir uma vaga na Alta Corte, ou tudo vai ficar como dantes no quartel de Abrantes. Quem for indicado pelo presidente da República de plantão, além de ficar devendo o favor da indicação, sofrerá ameaças.