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Sabado, 24 de Maio de 2025
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Viaduto Catalão: 70 anos conectando histórias e comunidades em Ilhéus

Da modernização urbana ao legado de um visionário, a obra que transformou a mobilidade e a identidade da cidade

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Por Mandato Bahia
Viaduto Catalão: 70 anos conectando histórias e comunidades em Ilhéus
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Imagine uma estrutura que conecta não apenas dois bairros, mas duas eras. Por sete décadas, ela carregou sobre seus arcos histórias de moradores, o vai e vem de bicicletas desengonçadas, o ritmo acelerado de carros modernos e até os segredos de casais que se encontraram sob sua sombra. Hoje, ela completa 70 anos — mas o Viaduto Catalão, em Ilhéus, é muito mais que uma passagem: é um símbolo de como uma cidade se reinventou sem apagar suas raízes. A data? 31 de março de 2025 marca o aniversário dessa obra que nasceu de um desafio geográfico e do sonho de um médico que virou prefeito, deputado e, acima de tudo, guardião da identidade ilheense.

 

A Cidade Partida: O Contexto que Demandou o Viaduto

Na década de 1950, Ilhéus passava por um processo acelerado de urbanização. Sob a gestão do prefeito Eusínio Lavigne, cortes em morros como Boa Vista, Teresópolis e Conquista abriram espaço para as avenidas Canavieiras e Itabuna, vias estratégicas para o escoamento da produção cacaueira. Porém, essas intervenções radicalmente transformaram a geografia local, isolando os bairros Altos Teresópolis e Conquista. O resultado? Uma cidade fragmentada, onde moradores enfrentavam dificuldades diárias para transitar entre regiões que, até então, eram conectadas naturalmente.

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Foi nesse cenário que Pedro Catalão, eleito prefeito em 1950 pelo PTB, propôs uma solução ousada: construir um viaduto que "costurasse" os pontos cortados pelo progresso. Inaugurado em 31 de março de 1955, o Viaduto Catalão não apenas restabeleceu a conexão viária, mas se tornou um símbolo de resistência contra os desafios impostos pela modernização. Sua estrutura robusta, erguida sobre pilares que desafiaram a topografia acidentada, garantiu acesso seguro e integrou comunidades que viviam à margem do desenvolvimento urbano.

Foto: Francino Vieira

 

Pedro Catalão: O Médico que Virou Arquiteto da Cidade

Nascido em Ilhéus em 1914, Pedro Vilas Boas Catalão sempre teve a cidade em seu DNA. Filho de uma família tradicional, optou por seguir medicina na UFBA, especializando-se em otorrinolaringologia. Sua carreira inicial foi marcada por atendimentos em Santa Catarina e no interior baiano, onde desenvolveu uma sensibilidade aguçada para as necessidades sociais — qualidade que o guiaria na política.

Eleito prefeito em 1950, Catalão trouxe para a gestão pública a mesma precisão que aplicava em cirurgias. Além do viaduto, promoveu melhorias sanitárias e investiu em infraestrutura básica, alinhando-se ao ideal trabalhista de justiça social. Sua administração foi breve (1951-1955), mas suficiente para deixar marcas profundas. Em 1954, elegeu-se deputado estadual e, depois, federal, defendendo políticas intervencionistas e reformas progressistas, como a defesa de direitos trabalhistas e investimentos em saúde pública.

Com o golpe militar de 1964, Catalão migrou para o MDB, posicionando-se contra a ditadura — uma postura que custou caro em sua carreira. Derrotado nas eleições de 1966, retornou a Ilhéus, dedicando-se às fazendas de cacau e, posteriormente, retomando a medicina em São Paulo. Sua história revela um homem que, mesmo diante de adversidades, manteve o compromisso com o bem comum.

 

70 Anos Depois: O Viaduto como Patrimônio Afetivo

Passadas sete décadas, o Viaduto Catalão permanece como testemunha silenciosa das transformações de Ilhéus. Sua importância transcende a funcionalidade: é um ícone arquitetônico que narra a passagem do tempo. Para os moradores mais antigos, atravessá-lo é reviver lembranças de uma cidade que se reinventou sem perder suas raízes. Para os novos, é um caminho que liga não apenas bairros, mas também passado e presente.

A obra também reflete o espírito de um período áureo, quando Ilhéus buscava se afirmar como polo econômico e cultural do sul da Bahia. Hoje, cercado por edifícios modernos e o movimento intenso do comércio, o viaduto desafia o esquecimento, lembrando a todos que progresso e preservação podem coexistir.

 

Um Convite à Reflexão

Neste aniversário de 70 anos, celebrar o Viaduto Catalão é também refletir sobre como obras públicas podem moldar identidades coletivas. Pedro Catalão, cujo nome batiza a estrutura, ensinou que liderança vai além de mandatos: está em deixar marcas que resistam ao tempo. Que seu legado inspire futuras gerações a pensar a cidade não apenas como um espaço físico, mas como um organismo vivo, que precisa de cuidado, conexão e, acima de tudo, memória.

 

 

 

 

 

 

 

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FONTE/CRÉDITOS: Redação com colaboração: José Nazal / Wikipedia
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