A possível federação entre o Progressistas (PP) e o União Brasil, em articulação avançada nos bastidores de Brasília, promete mudar o equilíbrio de forças na política nacional. Juntas, as duas legendas formariam a maior bancada do Congresso Nacional, com 108 deputados federais e 13 senadores, além de contar com um fundo eleitoral bilionário — estimado em mais de R$ 1 bilhão — para as eleições de 2026. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), surge como o principal nome para liderar a estrutura nacional da nova federação.
Apesar do avanço na capital federal, a concretização da aliança esbarra em resistências nos estados. Pelo menos 13 unidades da federação enfrentam impasses políticos e estratégicos, revelando a complexidade de montar uma federação que exige atuação conjunta e duradoura em todos os níveis — federal, estadual e municipal.
Divisão de poder e embates locais
Segundo as tratativas iniciais, o comando estadual da federação será dividido: cada partido ficará com a liderança em nove estados, enquanto nos outros nove haverá um duplo comando com representantes de ambos os partidos. A proposta visa mediar disputas e facilitar acordos, mas não tem sido suficiente para superar os conflitos locais.
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Na Paraíba, o PP pretende lançar Lucas Ribeiro como candidato ao governo estadual, mas enfrenta a resistência do União Brasil, que aposta no senador Efraim Filho. Situação semelhante ocorre no Acre, onde a vice-governadora Mailza Assis (PP) quer liderar a chapa, enquanto o senador Alan Rick (União), favorito nas pesquisas, também disputa o protagonismo.
No Paraná, o cenário é igualmente tenso: o União Brasil pode lançar o senador Sergio Moro ao governo, enquanto o PP almeja espaço para disputar uma vaga ao Senado, alimentando a disputa por protagonismo eleitoral.
Impasses na Bahia, Ceará e Pernambuco
Estados do Nordeste também têm protagonizado divergências. Na Bahia, mesmo com a liderança de ACM Neto (União) à frente da federação, o PP local tem se reaproximado do atual governador petista Jerônimo Rodrigues, gerando tensão interna. No Ceará e em Pernambuco, os partidos ocupam posições opostas nas administrações estaduais e planejam lançar candidaturas próprias, o que ameaça a coesão da federação.
Desafios nos maiores colégios eleitorais
Nos três maiores colégios eleitorais do país — São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais —, o cenário também é incerto. Em São Paulo, os dois partidos apoiam o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas disputam espaços e influência para as eleições de 2026. No Rio, o União Brasil pretende lançar o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, ao governo, enquanto o PP se aproxima do atual prefeito Eduardo Paes (PSD). Já em Minas Gerais, os entendimentos ainda estão em fase inicial, sob liderança direta das executivas nacionais.
Uma federação estratégica, mas complexa
A federação entre PP e União Brasil é vista como um movimento estratégico para consolidar força política, ampliar o tempo de rádio e TV e maximizar recursos eleitorais. Contudo, as negociações nos estados mostram que a união exigirá concessões, diálogo e habilidade política para evitar rupturas.
Com as eleições de 2026 no horizonte, o sucesso da federação dependerá da capacidade de suas lideranças em resolver conflitos locais e construir um projeto nacional coeso e sustentável. Até lá, os bastidores seguirão movimentados.
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