A tensão política entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Centrão chegou à Bahia. Após a derrota na Câmara Federal com a derrubada da Medida Provisória (MP) que aumentaria a arrecadação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o Palácio do Planalto iniciou uma série de exonerações em cargos de segundo escalão. As mudanças atingem diretamente aliados de parlamentares baianos que votaram contra o governo.
Entre os atingidos está Harley Xavier Nascimento, indicado pelo deputado Arthur Maia (União Brasil), que foi exonerado do cargo de superintendente regional da Codevasf em Bom Jesus da Lapa. Maia, que coordena a federação União Brasil–PP na Bahia, havia articulado a nomeação com o apoio do ex-prefeito de Salvador e vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, defensor do rompimento da legenda com o governo federal.
O deputado lamentou a saída do aliado em vídeo publicado nas redes sociais, destacando o trabalho realizado por Harley. “Ele fez história na Codevasf com o grande trabalho que desenvolveu durante todos esses anos. É motivo de orgulho para todos os lapenses e os baianos”, afirmou.
Para o lugar de Harley, o governo nomeou interinamente o engenheiro Renato do Rosário Bittencourt Lopes, natural de Paramirim. A troca ocorre meses após o presidente Lula também ter exonerado Miled Cussa Filho, ex-superintendente da Codevasf em Juazeiro, e o então presidente nacional do órgão, Marcelo Moreira — ambos ligados ao deputado Elmar Nascimento (União Brasil), que ocupavam os cargos desde o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
As exonerações fazem parte de uma estratégia de retaliação política após a derrota do governo na votação da MP do IOF, considerada essencial para o equilíbrio fiscal da União. Na ocasião, vários deputados baianos votaram contra o texto, entre eles Elmar Nascimento, Dal Barreto, José Rocha, Leur Lomanto Júnior e Paulo Azi (União Brasil), além de Adolfo Viana (PSDB), Alex Santana (Republicanos), Capitão Alden (PL), Cláudio Cajado (PP), Márcio Marinho (Republicanos) e Rogéria Santos (Republicanos).
A ofensiva do Planalto sobre os cargos federais reforça um novo rearranjo político na Bahia. Órgãos como a Codevasf, tradicionalmente usados como instrumento de articulação entre o governo federal e sua base no Congresso, voltam a ser o centro das disputas partidárias. O movimento evidencia a tentativa do governo de reorganizar alianças e retomar o controle sobre espaços estratégicos após o abalo com o Centrão.
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