O que ficou marcado nesse emaranhado processo de escolha do pré-candidato da base aliada jeronista para ser o representante da oposição na disputa pela Prefeitura de Salvador, enfrentando o favoritismo de Bruno Reis, postulante a um segundo mandato pelo União Brasil, foi a ingenuidade do PCdoB e PSB.
As duas agremiações partidárias foram de uma infantilidade gigantesca. O PSB, sentindo que a deputada federal Lídice da Mata, presidente estadual da legenda, seria novamente defenestrada, jogou logo a toalha. O PCdoB continuou esperançoso em relação a deputada estadual Olívia Santana.
Costumo dizer, quando me deparo com uma ilusão no mundo da política, que é melhor acreditar na existência da mulher de sete metros que perambulava, nua e com a cabeça raspada, na rodovia Itabuna-Ilhéus.
Não podemos esquecer da articulação do senador Jaques Wagner para tirar José Trindade, filiado ao PSB, presidente da Conder, da sucessão soteropolitana. O líder do governo Lula no Senado estimulou a pré-candidatura de Robinson Almeida (PT) com o fim de liquidar a pretensão de Trindade. Depois deixou o "companheiro" a ver navios e passou a ser "cabo eleitoral" do vice-governador Geraldo Júnior (MDB), o escolhido pelo chefe do Palácio de Ondina para a disputa do pleito de 2024.
Até as freiras do convento das Carmelitas sabiam que as chances do PCdoB e PSB eram remotíssimas, quase que inexistentes. A do PT eram remotas. O governador Jerônimo Rodrigues não iria se indispor com seu vice e, muito menos, com o MDB, que desfruta de um bom tempo no horário da propaganda eleitoral. Vale lembrar que Jerônimo vai disputar à reeleição em 2026.
Agora, depois de abraçar Geraldo Júnior, em detrimento dos comunistas, socialistas e dos petistas, a maior autoridade política da Boa Terra fica com mais força para exigir como contrapartida o apoio do MDB em alguns municípios, sendo a sucessão de Vitória da Conquista o primeiro grande teste da reciprocidade do emedebismo, apoiando o prefeiturável do PT.
A prioridade de Geraldo Júnior, depois de ter seu nome formalizado pelo conselho político como prefeiturável da base aliada, passa a ser de se aproximar dos insatisfeitos, mais especificamente da ala do PT que queria candidatura própria. Os obstáculos para que tenha a empolgação da militância na sua campanha são muitos.
No tocante a Itabuna, o PT 1, que defende a pré-candidatura de Geraldo Simões ao comando do cobiçado centro administrativo Firmino Alves, já lançou o "Geraldo lá, Geraldo cá".
O PT da Bahia vai ficando cada vez menor, mesmo sendo o partido do governador e do presidente da República, que já declarou que não entende como os companheiros governam o Estado por mais de 20 anos e não souberam construir um nome com viabilidade eleitoral e força política para ganhar a Prefeitura de Salvador.
Uma eventual vitória de Geraldo Júnior na sucessão soteropolitana significa a volta triunfal de Lúcio e Geddel no cenário político da Bahia. Os irmãos Vieira Lima passam a ser personagens importantes no pleito de 2026.
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