O deputado estadual Marcinho Oliveira (União Brasil) se tornou alvo de um pedido formal de expulsão do partido nesta segunda-feira (14), sob a acusação de infidelidade partidária. O requerimento foi protocolado por Leonardo Barreto de Pinho, membro do diretório do União Brasil no município de Araci, que alegou que o parlamentar tem demonstrado “preferência política” pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT), o que configuraria uma violação do estatuto da legenda.
No ofício encaminhado ao presidente estadual do União Brasil, deputado Paulo Azi, o filiado afirma que Marcinho cometeu "transgressões disciplinares" ao se aproximar de um governo adversário da legenda e desrespeitar orientações partidárias. Como prova, foram anexadas diversas reportagens que mostram a atuação do deputado ao lado do governador em eventos públicos, como a agenda recente no município de Paulo Afonso, no mesmo dia em que ele se ausentou do lançamento da pré-candidatura de Ronaldo Caiado (União-GO) à Presidência da República.
O documento solicita a instauração de um processo disciplinar e pede a expulsão de Marcinho Oliveira com o consequente cancelamento de sua filiação partidária. A ação será analisada pelo Conselho de Ética do União Brasil.
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Procurado pela imprensa, o deputado reagiu com ironia à acusação. Em declaração ao portal Bahia Notícias, afirmou não ter conhecimento prévio do pedido e criticou a incoerência da denúncia, destacando que o União Brasil ocupa atualmente três ministérios no governo do presidente Lula. “Esse filiado sabe que o União Brasil tem três ministérios no governo Lula? Eu estou muito tranquilo sobre isso”, rebateu.
Nos bastidores da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), a conduta de Marcinho já vinha causando desconforto entre colegas de partido. Uma liderança do União Brasil chegou a sugerir que o deputado deveria pedir desfiliação, caso quisesse continuar alinhado à base do governador petista. “Existe um ambiente de insatisfação”, resumiu a fonte.
Marcinho é aliado político do deputado federal Elmar Nascimento, que também defende a permanência do União Brasil na base do governo Lula. A aproximação de Elmar com o governo federal tem provocado divergências internas, especialmente com o ex-prefeito de Salvador e vice-presidente nacional da sigla, ACM Neto. Informações de bastidores indicam que Elmar e aliados, incluindo Marcinho, podem migrar para outro partido mais alinhado ao Palácio do Planalto, como o Avante.
A situação expõe as divisões internas no União Brasil, que, apesar de manter uma postura oficial de independência, enfrenta disputas entre alas pró e contra o governo federal. O caso de Marcinho Oliveira pode ser apenas o primeiro de uma série de conflitos envolvendo filiados que preferem a governabilidade à rigidez partidária. O desfecho do processo disciplinar poderá servir como termômetro do quanto o União Brasil está disposto a tolerar divergências internas em nome de projetos políticos futuros.
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