Em Ilhéus, terra da poesia de Jorge Amado e do gingado cadenciado do sul baiano, a política também se embala no ritmo das estações musicais. Após um longo "show" de oito anos de reinado, o Marão — rei da simpatia e dos acordes fáceis — vê a vitrola da cidade girar para um novo disco: Valderico Júnior entra em cena. Entre o arrocha melódico e a quebradeira do pagodão, o novo prefeito tenta emplacar seu hit nas paradas políticas.
Mas, convenhamos, tudo na Bahia tem seu compasso. E, em Ilhéus, a batida é suave e marcada: a cidade caminha entre retoques de gestão e coreografias de esperança. A receita é conhecida — praças cuidadas, ruas sinalizadas, promessas de limpeza urbana e, agora, uma ousada mexida no velho sistema de transporte coletivo.
Seu staff, forte e afinado, já entendeu que não é preciso muito jabá: o lado B, com seu ritmo contagiante, conquista os ouvidos populares sem esforço. Valderico, atento ao espírito do tempo, faz o que todo bom artista contemporâneo deve fazer: leva seu pagodão para as plataformas digitais, onde o algoritmo dita o sucesso.
Ilhéus, a princesinha do sul, não requer sinfonias complexas; precisa apenas de cuidado e atenção. E o novo maestro, até aqui, parece entender a partitura. No entanto, como todo artista que almeja o topo das paradas, sabe que há preços a pagar: renovar, tocar o coração da massa e, sobretudo, sustentar a paciência de um público cada vez mais imediatista.
Nos bastidores da política, outro som começa a ecoar: o de ACM Neto, maestro de grandes campanhas, que agora ensaia novos acordes para 2026. Sua visita a Ilhéus, mais do que um gesto de amizade, sinaliza uma nova composição — uma aliança estratégica com Valderico, em busca de ampliar a sinfonia do União Brasil no cenário estadual.
O apoio de Neto foi crucial para a vitória de Júnior em 2024, quando a cidade, cansada de escutar o mesmo disco arranhado, pediu uma nova trilha sonora. Agora, resta saber: conseguirão Valderico e Neto compor a música que embalará a Bahia no futuro? Ou o vinil da política ilheense sofrerá, novamente, o desgaste dos refrões repetidos?
Por ora, o show continua. E, como bons baianos, só nos resta dançar — com esperança, mas sempre atentos à afinação.
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