José Dirceu (PT), em entrevista à BBC, disse que "não houve mensalão". O ex-ministro-chefe da Casa Civil do então governo Lula deve ter outro nome para o escândalo.
Dirceu foi condenado a 10 anos e 10 meses de reclusão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Negar a existência do mensalão é dizer que a instância máxima do Poder Judiciário cometeu um grave erro.
Lembrando ao caro e atento leitor que nesse processo foram também condenados Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, e o ex-deputado federal José Genuíno. De fora do lulopetismo, a figura mais "ilustre" foi Valdemar da Costa Neto, hoje presidente nacional do PL e um dos conselheiros do inelegível Jair Messias Bolsonaro.
Da entrevista, se pode aceitar duas opiniões de Dirceu, pré-candidato a deputado federal no pleito de 2026: 1) que o impeachment de Dilma Rousseff foi um "golpe". 2) que o ex-presidente Bolsonaro "não tem condições" de cumprir a pena em uma prisão comum.
No tocante ao primeiro ponto, até as freiras do convento das Carmelitas sabem que Dilma Rousseff não cometeu nenhuma ação que merecesse o impeachment. O protagonista-mor do golpe foi o vice Michel Temer (MDB), que terminou sendo afastado da presidência. O feitiço virou contra o feiticeiro, como diz o ditado popular.
O segundo ponto, na defesa de que Bolsonaro deve cumprir a pena em regime domiciliar, Dirceu se refere ao estado de saúde do ex-morador do cobiçado Palácio do Alvorada, que já passou por vários procedimentos cirúrgicos.
Declarar que não existiu o mensalão é o mesmo que os bolsonaristas negarem a tentativa golpista do fatídico 8 de janeiro de 2023, que tudo não passou de uma invencionice, mentira deslavada.
Tenha santa paciência, José Dirceu! Nem seus companheiros acreditam na sua versão. A curiosidade fica por conta de qual outro nome Dirceu daria ao escândalo.
Pegando leve, tendo em consideração a importância de José Dirceu na redemocratização do Brasil, diria que sua declaração de que "não existiu mensalão" foi hilariante ou, se o caro e atento leitor preferir, risível.
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