Sempre que é questionado sobre a unidade da base aliada na sucessão municipal, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) deixa de fora Itabuna.
"Vou trabalhar pela unidade, para na hora certa ter um nome único. Não só em Salvador, mas em Feira de Santana, Vitória da Conquista", declara o chefe do Palácio de Ondina, cria política de Rui Costa, ministro da Casa Civil do governo Lula 3.
O PT de Itabuna, mais especificamente o que defende candidatura própria na federação PT/PCdoB/PV, está feliz da vida. Já é a segunda vez que Jerônimo não fala da sucessão do prefeito Augusto Castro (PSD) quando se reúne com o conselho político. E aí não tem como deixar de fazer a seguinte pergunta, que é pertinente e oportuna : Por que o governador se silencia em relação a Itabuna ? Aqui também é necessário unir os partidos da base aliada em torno de um nome, aumentando assim a possibilidade de derrotar o candidato de ACM Neto e do ex-ministro João Roma, que é o presidente estadual do PL.
Para o augustianismo, Jerônimo não quer criar problema (ou constrangimento) com o diretório municipal, que trabalha pela candidatura do ex-prefeito Geraldo Simões. Mas que é só uma questão de tempo para que tudo se resolva, colocando no mesmo palanque os dois PTs na campanha do segundo mandato de Augusto.
Obviamente que me refiro ao PT geraldista e o anti, que tem Manoel Porfírio como porta-voz. O vereador licenciado, hoje na presidência da Fundação Marimbeta, é o representante-mor da ala do petismo que defende a permanência do alcaide por mais quatro anos no comando do cobiçado centro administrativo Firmino Alves via instituto da reeleição.
Enquanto o PT geraldista comemora a declaração do governador, os augustianos começam a colocar as barbas de molho. É um olho no padre, outra na missão.
O único obstáculo que pode atrapalhar a legítima pretensão de Geraldo Simões de tentar o terceiro mandato é não ter uma melhora nas pesquisas de intenções de voto até o início do ano eleitoral de 2024, tendo como limite o "depois do carnaval".
Se o ex-gestor de Itabuna não mostrar viabilidade eleitoral e força política, o apoio do governador e da Executiva estadual do PT, sob a batuta de Éden Valadares, se torna complicado. A condição - conditio sine qua non - para Geraldo ter os companheiros do seu lado, é crescer nas enquetes.
Ora, ora, até as freiras do convento das Carmelitas sabem que a unidade, tanto do governismo como da oposição, é imprescindível para derrotar o adversário principal. Quem conseguir ter sucesso na difícil missão já sai na frente. Salta aos olhos que me refiro ao governador Jerônimo Rodrigues e, principalmente, a ACM Neto, ex-gestor de Salvador por duas vezes e secretario-geral do União Brasil.
Outro ponto é que o senador Otto Alencar, comandante estadual do PSD, mesma sigla do alcaide, vai reivindicar o apoio do governador à reeleição de Augusto.
O argumento de que o prefeiturável da federação é competitivo, que pode vencer o pleito, pode fazer com que Otto recue, evitando assim um atrito com o lulopetismo da Boa Terra.
Portanto, se Geraldo Simões não tiver um crescimento significativo nas pesquisas, o apoio das três maiores lideranças do PT - Jerônimo Rodrigues, Rui Costa e Jaques Wagner - ao segundo mandato de Augusto passa a ser inevitável.
Ainda tem muita água, suja e limpa, para passar por debaixo da ponte da sucessão de 2024. Surpresas e sobressaltos são inerentes ao movediço, cruel e traiçoeiro mundo da política.
Costumo dizer que no processo político os menos espertos conseguem dar beliscão em azulejo. Colocar as barbas de molho é um bom conselho.
Marco Wense
Itabunense, Advogado e Articulista de Política
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