Nos últimos anos, as eleições no Brasil têm sido um espetáculo de contrastes e ironias. O que deveria ser uma celebração da democracia muitas vezes se transforma em um jogo de sombras, onde os atores permanecem os mesmos, mas o cenário muda. O poder, em sua essência, parece circular entre as mesmas figuras, como um baile de máscaras em que os rostos se alternam, mas a música nunca para.
À medida que os resultados das urnas surgem, a sensação de déjà vu se torna palpável. O eleitor, ávido por mudança, vê-se preso entre a frustração e a esperança, navegando por promessas que ecoam os mesmos discursos de outrora. É como se, em meio a uma república moderna, um regime monárquico se reinstalasse sorrateiramente: os mesmos sobrenomes, as mesmas famílias, dominando o cenário político, enquanto a população, por vezes, parece não notar.
A fome de poder é uma força poderosa. Aqueles que se encontram no topo, onde as decisões são tomadas, muitas vezes têm a sensação de que o trono é seu por direito, uma herança que lhes foi passada. Essa lógica se perpetua em um ciclo vicioso, onde a corrupção se disfarça de política e o populismo se torna um novo feudalismo, com promessas que, se não atendidas, deixam um rastro de desilusão.
A cada eleição, a esperança renasce. A multidão se agita nas praças, os discursos inflamam os ânimos, mas, no fundo, o que se vê é a luta por uma fatia do mesmo bolo. Os novos fenômenos eleitorais, como as candidaturas independentes e as redes sociais, oferecem uma ilusão de mudança, mas muitas vezes se revelam como meros remendos em um tecido já desgastado.
É fundamental que a população comece a identificar e questionar essa repetição de padrões. O regime que se impõe não é apenas o que está nos livros de história; é a continuidade de uma cultura política que resiste ao tempo, onde o novo é apenas uma roupagem diferente para o velho. O desafio é maior do que escolher entre candidatos; é desvendar a estrutura que permite que o poder se mantenha tão próximo, tão familiar.
E assim, seguimos em frente, tentando encontrar novos caminhos em um labirinto que parece ter sido desenhado por mãos conhecidas. Enquanto a fome de poder continuar a se alimentar da desilusão popular, o eco do antigo sempre nos lembrará de que, na nova república, a verdadeira mudança ainda é um sonho distante.
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