A prisão do deputado estadual Binho Galinha (PRD) trouxe à tona um desconforto que há tempos rondava os corredores da Assembleia Legislativa da Bahia. Não se trata apenas da detenção de um parlamentar acusado de chefiar uma milícia — trata-se de um teste moral para todo o Legislativo baiano. Até que ponto nossos representantes estão dispostos a enfrentar a verdade, mesmo quando ela envolve um dos seus?
Desde a deflagração da Operação El Patrón, a AL-BA se tornou palco de uma tensão silenciosa. Deputados que deveriam representar o povo e defender a ética pública preferiram o silêncio. A instalação do Conselho de Ética foi mais um gesto protocolar do que um ato de coragem política. Ninguém quis assumir a responsabilidade de se posicionar contra um colega cuja fama, ainda que notória, inspirava medo.
Agora, com o parlamentar preso, o Legislativo baiano precisa decidir: vai agir com firmeza ou continuar refém do próprio medo? O receio de "quem pode ser Binho Galinha" não deveria ter espaço em um Estado democrático. O problema é que a política, quando contaminada pelo medo e pela conveniência, perde seu sentido mais nobre — o de servir à sociedade.
O caso é emblemático porque revela como a política baiana, muitas vezes, se curva diante do poder paralelo. Quando o plenário se transforma em abrigo para suspeitos, a credibilidade de toda a instituição se desfaz. Não é mais apenas sobre um deputado preso, mas sobre o que a Assembleia fará diante desse constrangimento histórico.
Em tempos de discursos inflamados e posturas públicas moralistas, a AL-BA tem agora a chance de mostrar se está do lado do Estado de Direito ou do corporativismo. As raposas políticas, acostumadas a manobrar com habilidade, agora se veem intimidadas por um “galinha”. E talvez seja essa a metáfora perfeita para descrever o momento atual: um poder amedrontado, acuado e sem coragem de agir.
O caso Binho Galinha não é apenas um episódio policial. É um espelho da covardia política, do silêncio cúmplice e da urgência de uma reforma moral no coração do poder baiano.
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