O cenário político brasileiro ganhou novos contornos no último domingo (7) com um ato promovido por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, realizado em São Paulo. O evento, que reuniu lideranças políticas, religiosas e civis, serviu como palanque para discursos inflamados contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e a favor da anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro.
Um dos momentos mais marcantes foi protagonizado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que não poupou críticas ao ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF. Relembrando o episódio em que Barroso, em Nova York, respondeu a bolsonaristas com a frase "perdeu, mané", Nikolas comparou a fala à de um criminoso:
“Para o debochado do ministro Barroso que falou ‘perdeu, mané’, primeiro, isso é uma fala de bandido quando vai roubar alguém. O que você tá querendo dizer com isso, Barroso? Que nas eleições de 2022 nós fomos assaltados?”, questionou o parlamentar, num tom provocativo.
Silas Malafaia, pastor e uma das vozes mais influentes do campo evangélico bolsonarista, também subiu o tom e não poupou os generais brasileiros, aos quais chamou de “frouxos” por não se posicionarem contra o STF ou em favor dos presos políticos do 8 de janeiro.
Outro ponto de destaque no ato foi o apelo simbólico feito por Michelle Bolsonaro. A ex-primeira-dama homenageou Débora Rodrigues dos Santos, cabeleireira que se tornou figura central entre os apoiadores de Bolsonaro após ser presa por pichar a estátua do STF com a frase de Barroso durante a invasão golpista. Michelle pediu que as mulheres segurassem batons, representando a resistência de Débora:
“O batom que representa a Débora. A nossa Débora. Uma mulher comum, cabeleireira, se torna símbolo da luta pela justiça no nosso país”, afirmou, emocionada.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB), presente no ato, reforçou o apoio à aprovação do projeto de lei que propõe anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos. Nunes afirmou que o evento era um "ato de humanidade" diante do que classificou como "desumanidade" institucional.
O evento reforça a tensão entre o bolsonarismo e o Judiciário, reacendendo a polarização política e impulsionando a pressão sobre o Congresso Nacional, que deverá decidir sobre a controversa proposta de anistia. Ao reunir lideranças políticas, religiosas e figuras públicas, o ato evidencia a tentativa de rearticulação da base conservadora com vistas às próximas eleições e ao reposicionamento da direita no cenário nacional.
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