Mandato Bahia - Política Inteligente - Ilhéus

Quarta-feira, 12 de Novembro de 2025
CÃMARA DE ILHÉUS
CÃMARA DE ILHÉUS

Política

UM DIA SEREMOS CIVILIZADOS

Coluna Gerson Marques

Gerson Marques
Por Gerson Marques
UM DIA SEREMOS CIVILIZADOS
Espaço para a comunicação de erros nesta postagem
Máximo 600 caracteres.

Em Itabuna, 94,38% da população urbana (cerca de 176.211 habitantes) tem acesso à coleta de esgoto doméstico, incluindo ligações à rede geral da Empresa Municipal de Águas e Saneamento (EMASA), fossas sépticas e redes pluviais inadequadas. Desse volume, 87% do esgoto gerado é coletado, mas apenas 29% recebe tratamento adequado.

Em 2022, aproximadamente 2,15 milhões de metros cúbicos (equivalente a 2,15 bilhões de litros) de esgoto não tratado foram despejados no Rio Cachoeira, carregando matéria orgânica, dejetos humanos, restos de alimentos, gorduras, detergentes etc. Esses poluentes, além de causarem inúmeros problemas principalmente de saúde pública, são os principais responsáveis pela proliferação das baronesas, intensificando o problema ambiental.

A bacia hidrográfica do Rio Cachoeira, localizada no sul da Bahia, abriga cerca de 800 mil habitantes distribuídos em 12 municípios, todos lançando esgoto doméstico sem tratamento diretamente no rio, contribuindo para a poluição e a proliferação descontrolada das baronesas (Eichhornia crassipes), planta aquática nativa da América do Sul, comum em regiões como a Amazônia, o Pantanal e o Nordeste.

Leia Também:

Conhecida também como aguapé ou jacinto-d’água, a baronesa não é um vilão ambiental; pelo contrário, ela absorve poluentes como nitrogênio e fósforo, ajudando na despoluição das águas. Contudo, seu crescimento excessivo forma tapetes densos que sufocam a fauna aquática, reduzem a oxigenação e prejudicam a biodiversidade como ocorre no Rio Cachoeira.

Essa situação reflete a negligência histórica das elites políticas e econômicas da região, inseridas em uma cultura que normaliza a degradação ambiental e urbana. É a mesma mentalidade que tolera lixo e mato nas ruas, permite e promove invasões de manguezais, ocupações ilegais de terrenos públicos e a destruição do patrimônio histórico e cultural.

Apesar de iniciativas positivas e esforços de setores conscientes da sociedade civil e empresarial, essas ações são minoritárias. A inércia predomina, evidenciada pela repetição anual das toneladas de baronesas que sufocam o Rio Cachoeira na zona urbana de Itabuna e que, com as chuvas de verão, são arrastadas até as praias de Ilhéus, causando prejuízos econômicos ao turismo e ao meio ambiente.

A persistência desse cenário expõe a incompetência política e a apatia social da região, incapaz de se mobilizar efetivamente ou de usar o voto como instrumento de exigência por soluções estruturais. A universalização do saneamento, prevista pelo Novo Marco Legal do Saneamento (Lei nº 14.026/2020) até 2033, exige investimentos urgentes em estações de tratamento de esgoto (ETE) e parcerias público-privadas (PPPs).
No entanto, a falta de pressão popular e a ausência de uma visão estratégica de longo prazo perpetuam o problema. A revitalização do Rio Cachoeira não é apenas uma questão técnica, mas um desafio cultural e político de nossa gente, que demanda engajamento coletivo para romper com décadas de descaso, incompetência e irresponsabilidade.

Obs.: Os dados são do SNIS — Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento / IBGE Cidades.

Comentários:
Gerson Marques

Publicado por:

Gerson Marques

Saiba Mais

Crie sua conta e confira as vantagens do Portal

Você pode ler matérias exclusivas, anunciar classificados e muito mais!