O presidenciável Tarcísio de Freitas, do Republicanos, legenda ligada à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), se encontra em uma situação do "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come".
O governador de São Paulo vai ter que agradar o bolsonarismo sem desagradar uma significativa parcela do eleitorado antibolsonarista e antipetista.
O problema é que a família Bolsonaro vai exigir de Tarcísio uma campanha mais incisiva pela anistia ampla, geral e irrestrita, o que pode beneficiar o ex-presidente Bolsonaro.
O antibolsonarismo e boa parte do antipetismo são contra ao projeto do "liberou geral", como se nada tivesse acontecido, mais especificamente a tentativa de um golpe de Estado, a trama golpista de 8 de janeiro de 2023.
O tarcisismo sabe que o espólio eleitoral do ex-morador do Alvorada é o maior "cabo eleitoral" da sua legítima pretensão de ocupar o cargo mais cobiçado da República. Sem o apoio do bolsonarismo, os obstáculos para ser o próximo chefe do Palácio do Planalto aumentam consideravelmente.
Outro problema é que o bolsonarismo raiz, o rotulado de autêntico, vai reivindicar a indicação do vice de Tarcísio, que pode ser um dos filhos de Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ou outro nome tido como de inteira confiança.
O desejo de Tarcísio de ter um governador como vice ou uma liderança política do Nordeste vai sucumbir diante das exigências da família Bolsonaro. ACM Neto, ex-prefeito de Salvador por dois mandatos, é o sonho do tarcisismo, que pode se transformar em um grande pesadelo com a determinação do ex-alcaide de disputar à sucessão do governador Jerônimo Rodrigues (PT-reeleição).
Não vai ser fácil para Tarcísio de Freitas agradar o bolsonarismo, antibolsonarismo e o antipetismo ao mesmo tempo. As duas últimas correntes políticas são contra o projeto do "liberou geral".
E o chamado centrão, movimento caracterizado pelo toma lá, dá cá, cada vez mais encrustado no processo político? Ora, ora, vai fazer o que sempre fez: buscar um presidenciável que prometa espaços em um eventual governo, obviamente que me refiro à Esplanada dos Ministérios.
Como o fim da odienta polarização lulismo versus bolsonarismo, que não canso de dizer que vai enterrando o Brasil, está longe de acontecer, tudo vai continuar como dantes no quartel de Abrantes.
PS - O que vai definir o pleito presidencial de 2026 é a votação de Lula no nordeste e a de Tarcísio no Estado de São Paulo. Quem diminuir a diferença de um para o outro nesses dois importantes redutos eleitorais sairá vencedor. Não à toa que Tarcísio quer ACM Neto (União Brasil) como vice e Lula quer Geraldo Alckmin (PSB) disputando o governo de São Paulo.
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