O desabafo do presidente Lula em relação à sucessão de Salvador provocou uma enxurrada de comentários entre as lideranças do PT, mais especificamente da Bahia, terra de todos os santos e orixás.
Segue abaixo, ipsis litteris, o que disse o morador mais ilustre do Alvorada, que já deixou bem claro sua intenção de disputar o quarto mandato, sobre o processo sucessório soteropolitano.
"Esse partido [ obviamente se referindo ao PT ] já governou muitas cidades importantes neste país. Agora, tem coisa que a gente não consegue explicar. Como é que a gente já governa há 20 anos a Bahia, e a gente não conseguiu ganhar Salvador ?", questionou o petista-mor.
Pelo andar da carruagem, Lula vai novamente presenciar uma derrota do PT na eleição para o cobiçado comando do Palácio Thomé de Souza. E, o que é pior, com o prefeito Bruno Reis (União Brasil) liquidando a fatura da reeleição logo no primeiro turno.
A base aliada governista, sob a batuta do governador Jerônimo Rodrigues (PT), está desunida. Os partidos, quando o assunto é a sucessão de Salvador, não se entendem. Cada um cuida do seu próprio quintal. O tal do Conselho Político, formado pelas legendas que dão sustentação política ao jeronismo, é inócuo.
Até as freiras do convento das Carmelitas sabem que o desabafo de Lula foi direcionado para as três principais lideranças do lulismo da Boa Terra : Jerônimo Rodrigues, Rui Costa e Jaques Wagner, respectivamente governador da Bahia, ministro-chefe da Casa Civil e senador da República.
Nos bastidores do Palácio do Planalto, o comentário é de que existe uma pesquisa apontando que Rui Costa é quem tem mais possibilidade de evitar o segundo mandato de Bruno Reis. O problema é convencer o ex-governador a enfrentar o favoritismo do alcaide, que vai ficando cada vez mais consistente com a demora em torno do nome de quem irá representar a base aliada no pleito de 2024.
Como é dado como favas contadas que Rui Costa não vai topar o desafio, o caminho com menos obstáculos passa a ser em direção ao vice-governador Geraldo Júnior, do MDB dos irmãos Vieira Lima, Lúcio, presidente de honra da legenda, e Geddel, ex-ministro do então governo Dilma Rousseff (PT).
Quanto ao deputado federal Antônio Brito (PSD), recém lançado como prefeiturável pelo senador Otto Alencar, presidente estadual da legenda, a chance de ser o candidato do lulismo na sucessão soteropolitana é muito remota. De um a 10, diria que 2. Já disse aqui que existe uma preocupação do PT com o crescimento do PSD, cuja missão é ter 150 prefeituras sob sua influência.
Vale lembrar que quem manda no PSD é Gilberto Kassab, hoje secretário de governo do Estado de São Paulo e político de inteira confiança do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que, com a inelegibilidade de Bolsonaro, disputaria à presidência da República no pleito de 2026 representando a direita. Kassab seria o candidato de Tarcísio ao Palácio dos Bandeirantes. Como contrapartida, o PSD apoiaria a candidatura de Tarcísio na sucessão de Lula.
Descartando uma candidatura própria do Partido dos Trabalhadores, se juntando a uma preocupação com o PSD, fica só a opção Geraldo Júnior, que está muito longe de ser o candidato que o PT queria.
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