Meu Município, Ilhéus, interior da Bahia, vive os maiores desafios dessa década em nossa realidade política atual! Temos 10 anos apenas a partir de agora, aniversário de quatrocentos e noventa anos, para construir a Ilhéus que queremos. Somente dez anos para definir meio milênio.
Ilhéus precisa concluir sua tarefa histórica de enterrar de vez o coronelismo cacauicultor. Durante centenas de anos, o poder público local, através do Executivo e Legislativo fora permeado de decisões sem uma visão popular e de consulta direta às populações marginalizadas, periféricas, distritais e sócio-vulneráveis. As decisões sempre foram feitas apenas dentro de gabinetes fechados com vontades políticas questionáveis de faraó azul, jabóquio perseguidor.
Já conseguimos sangrar o coronelismo ilheense em 2013 quando fundamos o Reúne Ilhéus, movimento popular, dedicando e doando nossa juventude por amor ao nosso povo com visão principal de participação direta nas decisões sobre Políticas Públicas, prioridades e orçamento público municipal.
Continuamos, nos bastidores enquanto Reúne Ilhéus, com as pessoas nas ruas, encontros e desencontros sempre nos perguntando: 'onde vocês estão jovens altivos' e acertamos em ir para o anonimato e bastidores, principalmente, para não morrermos diante das tentativas de morte e violências contra nossas lideranças político-sociais.
Quem não se recorda que o coronelismo tentou matar Igor levando-o a um hospital, matou tigreza e atentou contra a vida de marcolino? Mas esse coronelismo que ameaça e mata foi derrotado em 2016, graças também ao Reúne Ilhéus.
O resultado de anos de construção coletiva, lutas populares e conquistas formaram bons frutos.
Frutos da formação de líderes jovens hoje definindo rumos novos nos distritos, vilas, altos e morros através de seus projetos socio-educacionais; formação de intelectuais hoje dentro das universidades UESC e UFSB construindo soluções através da extensão e pesquisa acadêmica com centralidade nestes projetos acadêmicos, sempre as suas comunidades; a formação de pais e mães de família participantes ativos dos conselhos de políticas públicas realizando incidência política nos poderes judiciário, executivo, legislativo e em fóruns internacionais a exemplo da ONU.
Foram os desafios da realidade histórico-política de Ilhéus que nortearam o que sempre pretendiamos: transformar a realidade de nosso município.
Realidade essa, antes sequestrada pelo coronelismo-cacauicultor, hoje derrotado, mas ainda assim, reagrupado-se a partir do bolsonarismo local, derivado da ascensão de grupos financiados politicamente e economicamente pelo governo federal 2019-2022 aqui em nosso território sul baiano.
As eleições municipais, muitas vezes, em Ilhéus, são sínteses da soma de fatores que mudam a correlação de forças e conjuntura municipal através das ações do povo dessa cidade ávido pela libertação ante o coronelismo.
É ingenuidade achar que as eleições são qualquer momento eventual. Inclusive fora a eleição de 2016 que fundou um novo ciclo geracional anticoronelista.
Voltamos a mais uma encruzilhada político-histórica: as eleições de 2024. Sem dúvida para qualquer pessoa com mínimo de compreensão de trajetória historiográfica ilheense, perspectiva ancestral, letramento racial, mentalidade antirracista e pés no chão, esta é a chance em décadas, de destruir de vez qualquer possibilidade do coronelismo se reagrupar a partir da 'bolsonarização' da política.
Decidir sobre o futuro requer antes de tudo, responsabilidade. Só temos uma chance, uma flecha, uma única decisão. A política eleitoral é feita disso: decisões.
Pelo que lembrarão você? Seremos lembrados e lembradas pelos mais velhos e estaremos nos anais da história ilheense como aqueles que construíram participação popular nas decisões das políticas públicas locais e comemoraremos as liberdades, a destruição completa do coronelismo e a Ilhéus popular, dos ilheenses ou lembrarão pelos erros que foram cometidos junto aos irresponsáveis do chaveiro de falácias, equívocos, egos e serviçais do coronelismo falido?
Está decidido. É sim através da prática politica de nossa juventude, em conselhos municipais de políticas públicas, que se faz a transformação de nossa realidade. Essa é uma das decisões que elimina de vez qualquer ator político que nos bastidores se alia ao coronelismo destruidor de sonhos e de perspectivas ao futuro com presente bem melhor.
Somos a coletividade de juventudes que é por Ilhéus, levantando-nos e agindo por saber que se nosso presente é de luta, o futuro a nós pertence.
Essa é a compreensão de que devemos olhar o passado para nunca mais repetir erros políticos, na certeza de que para termos chances de futuro, é fundamental disputar as narrativas sobre nosso passado, por amor a Ilhéus, carinho e respeito.
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Marcolino Vinicius Vieira é porta voz e um dos Fundadores do Movimento Popular Reúne Ilhéus (2013), foi Conselheiro Municipal de Cultura, Conselheiro do CDCN Bahia (Conselho do Desenvolvimento da Comunidade Negra da Bahia, gestão 2021-2024) nomeado pelo Governador Rui Costa, Graduando em Políticas Públicas pela Universidade Federal, com formação em Marketing Político e extensionista em Orçamento Público Municipal pela UFPR.
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