O relacionamento político entre Jaques Wagner e Rui Costa não é bom e tende a piorar. O comando estadual do PT, sob a batuta de Éden Valadares, quer esconder o que até as freiras do convento das Carmelitas sabem : a desarmonia entre os dois "companheiros".
Wagner e Rui vêm se conflitando desde o pleito de 2022 para o governo do Estado, quando o senador defendia um outro nome para disputar com ACM Neto (União Brasil). A opção Jerônimo Rodrigues, o preferido de Rui, saiu vitoriosa.
O novo pega-pega entre Wagner e Rui já começa a dar os primeiros passos. Diz respeito a sucessão soteropolitana, que tem o atual chefe do Palácio Thomé de Souza, Bruno Reis (União Brasil-reeleição), como favorito.
O PT ligado a Wagner não aceita a indicação de Rui para a sucessão da capital. Trata de José Trindade, diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado (Conder). Lembrando ao caro e atento leitor que Trindade é filiado ao PSB. Mas a condição para ser o candidato de Rui - conditio sine qua non - é sair da sigla socialista, o que teria deixado a deputada federal Lídice da Mata, liderança maior do PSB, bastante contrariada. Com efeito, já comentei sobre a insatisfação da parlamentar com o ministro da Casa Civil do governo Lula 3.
O PT wagniano, que tem Valadares como fiel aliado, não quer Trindade. O principal argumento está assentado no fato dele ter sido vereador pelo PSL, partido que elegeu o então candidato Jair Messias Bolsonaro para o cargo mais cobiçado da República. O PSL se fundiu com o DEM dando origem ao União Brasil.
"Trindade é uma opção apenas de Rui Costa. Dentro do PT é raro alguém que endosse seu nome. Ele não é visto como alguém orgânico no campo da esquerda", declarou um deputado federal do PT que não quis se identificar. A óbvia conclusão é que Trindade não é politicamente confiável, é um estranho no ninho do lulopetismo.
Esse desentendimento entre Wagner e Rui começa a ter repercussão no interior. Na sucessão de Itabuna, por exemplo, o senador já deixou bem claro que quer candidatura própria na federação PT/PCdoB/PV. Já o ministro deve defender o apoio do PT ao segundo mandato de Augusto Castro (PSD).
Nas conversas reservadas, os waguistas acham que Rui Costa está querendo tudo. Já tem um governador aliado e agora quer um prefeito da capital. Que só falta agora insinuar que será o candidato do PT na sucessão presidencial de 2026, caso Lula não postule o quarto mandato.
O criador e a criatura, pelo andar da carruagem, vão terminar protagonizando a expressão popular de que "dois bicudos não se beijam".
Wagner versus Rui promete fortes emoções.
Marco Wense
Itabunense, Advogado e Articulista de Política
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