O número de brasileiros que partem para uma nova vida nos Estados Unidos com uma formação acadêmica já desenvolvida no Brasil cresceu nos últimos anos. De acordo com um balanço noticiado pelo portal Invest News, o visto do tipo EB-2 passou de 212 concessões em 2017 para 1.988 em 2023.
Segundo os indicativos, realizados com base em dados da U.S. Citizenship and Immigration Services (USCIS), a expansão foi de 837,7%. O visto do tipo EB-2 é destinado a indivíduos que possuem formação acadêmica avançada, carreira consolidada ou “habilidade excepcional” nas áreas de negócios, ciências ou artes.
Para Alessandra Crisanto, advogada atuante no Brasil e especialista em carreira internacional, o alto índice de brasileiros que têm optado por seguir carreira nos EUA se deve a diversos fatores, como a instabilidade econômica no Brasil, a busca por melhores condições de trabalho e remuneração, além do desejo de obter experiência internacional em um mercado altamente competitivo e diversificado.
“Os Estados Unidos oferecem oportunidades únicas, especialmente para aqueles que já possuem formação acadêmica avançada e uma carreira consolidada no Brasil, pois é um país que valoriza profissionais qualificados em diversas áreas, como tecnologia, saúde, finanças e engenharia”, explica.
Ela destaca que, para quem precisa de aconselhamento jurídico, é essencial consultar um advogado especializado em imigração para obter informações detalhadas sobre o processo.
Crisanto também ressalta que há uma série de fatores que um profissional deve considerar na hora de decidir imigrar para trabalhar formalmente na sua profissão já estabelecida: “O primeiro fator a ser considerado é a validação do diploma e das credenciais profissionais no novo país, pois algumas profissões exigem certificações ou licenças adicionais para atuar nos EUA”, pontua.
Segundo o documento “Comunidades Brasileiras no Exterior”, divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores, mais de 2 milhões de brasileiros vivem nos Estados Unidos. A projeção tem como base insumos relativos ao ano-base de 2023, enviados pelos postos do Itamaraty no exterior.
De acordo com a especialista em carreira internacional, outro ponto importante é a adaptação ao mercado de trabalho local, que pode exigir uma mudança nas estratégias de networking, abordagem de carreira e até aprimoramento de habilidades linguísticas.
“Além disso”, avança, “é crucial entender as implicações legais e fiscais de se trabalhar como imigrante, escolhendo o visto adequado e garantindo que sua residência e situação de trabalho estejam em conformidade com as leis de imigração dos EUA”.
Especialista lista vistos mais adequados para quem tem formação acadêmica
Segundo Crisanto, para profissionais com formação acadêmica avançada e uma carreira já estabelecida no Brasil, os vistos mais indicados para trabalhar nos EUA são:
- Visto H-1B: destinado a profissionais especializados em campos que exigem um grau avançado de educação. No entanto, esse visto possui um número limitado de concessões anuais;
- Visto O-1: para indivíduos com habilidades extraordinárias nas ciências, artes, educação, negócios ou esportes, que podem demonstrar reconhecimento significativo em suas áreas de atuação;
- Visto L-1: voltado para transferência de funcionários de empresas multinacionais, ideal para executivos ou gerentes que estejam sendo transferidos para uma filial ou subsidiária nos EUA;
- Visto EB-2 (NIW): um visto de residência permanente (green card) que dispensa a oferta de emprego para profissionais com habilidades excepcionais ou com um diploma avançado que podem demonstrar que seu trabalho beneficiaria os EUA de maneira significativa;
- Visto EB-1: também é uma categoria de residência permanente para pessoas com habilidades extraordinárias, executivos multinacionais ou professores e pesquisadores destacados;
- Visto F-1 Acadêmico: apesar de ser um visto estudantil, ele pode ser uma excelente opção para quem deseja fazer uma transição gradual para o mercado de trabalho nos EUA. Com a autorização da USCIS, estudantes podem trabalhar através do Curricular Practical Training (CPT), que permite trabalho durante os estudos, e do Optional Practical Training (OPT), que oferece até 12 meses de trabalho após a conclusão do curso (podendo ser estendido até 3 anos em áreas STEM).
“Essas autorizações temporárias permitem ganhar experiência profissional durante e após os estudos, facilitando o ingresso no mercado de trabalho americano”, explica Crisanto.
Para a especialista, além da parte técnica e legal, é importante que o profissional considere o aspecto pessoal da imigração, como adaptação cultural, o impacto sobre a família e a rede de apoio que terá no país de destino.
“Em muitos casos, buscar orientação com especialistas em imigração e networking com outros profissionais brasileiros já estabelecidos nos EUA pode ser um diferencial para quem deseja uma transição bem-sucedida”, conclui a advogada.
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