A deputada federal Lídice da Mata, que preside o PSB da Bahia, novamente sendo tratada com desdém pelo PT. Quando o assunto é a sucessão de Salvador, a parlamentar é sempre defenestrada sem dó e piedade.
O que chama atenção é a ingenuidade da dirigente-mor do socialismo da Boa Terra em achar que será a candidata do petismo na disputa pelo Palácio Thomé de Souza. Na hora da onça beber água, como diz a sabedoria popular, a "prefeiturável" é literalmente descartada.
O desdém do Partido dos Trabalhadores com Lídice salta aos olhos. E o pior é que ela continua acreditando que, mais cedo ou mais tarde, terá o apoio do PT no seu sonho de retornar a ser prefeita de Salvador. Um sonho que se transforma rapidamente em um grande pesadelo.
Como não bastasse o chega pra lá na "companheira", o lulismo ainda quer que José Trindade, filiado ao PSB, presidente da Conder (Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia), deixe a legenda e se filie ao PT para ter o apoio do governador Jerônimo Rodrigues. Do contrário, nada. O engenheiro civil vai ficar a ver navios.
A condição para Trindade ter o apoio do lulopetismo - conditio sine qua non - é virar petista, tirar do peito o adesivo da pombinha branca, símbolo do PSB, e colocar o da estrela vermelha.
Para Cema Mosil, presidente do PT soteropolitano, a sigla "tem legitimidade para apresentar nomes para dialogar com a federação e a base aliada". O PSB não tem ? Só quem tem "legitimidade" é o PT ? O PSB só serve para apoiar ? Pelo andar da carruagem, Lídice e o PSB vão ser novamente coadjuvantes no processo sucessório da capital.
"A decisão de alguém estar num partido é individual, não é coletivo. Espero que ele não tome essa decisão, nem que seja forçado a isso. Seria muito pior para as relações políticas internas dentro da frente", declarou Lídice da Mata, que não consegue esconder sua irritação com os "companheiros" do PT.
"... nem que seja forçado a isso" se refere a exigência do PT para apoiar José Trindade. Ou ele sai do PSB ou nada feito. É o PT tratando o Partido Socialista Brasileiro, histórico aliado, como se fosse algo politicamente desprezível, insignificante, um zero à esquerda.
Lídice da Mata, em toda sucessão de Salvador, é escanteada. Buscando no Google os sinônimos, a ex-gestora de Salvador é enjeitada, abandonada, desfavorecida, desprezada e desprotegida.
Chego até a dizer que a atuante parlamentar, que tem o respeito dos colegas da Câmara dos Deputados, vive uma espécie de, digamos, masoquismo político.
PS (1) - O atual chefe do Executivo Bruno Reis (União Brasil), correligionário de ACM Neto, secretário nacional da legenda, assiste de camarote o imbróglio PSB versus PT. O alcaide de Salvador vai disputar o segundo mandato. O pega-pega entre socialistas e petistas vai fazer com que o favoritismo de Bruno fique cada vez mais acentuado.
PS (2) - O antipetismo costuma erra na sucessão estadual. Cometer uma bobagem atrás da outra, como aconteceu na última eleição com ACM Neto disputando o comando do Palácio de Ondina. Na capital, o petismo, que só enxerga o próprio umbigo, na base do primeiro eu, termina sendo o grande culpado pela permanência do netismo no poder.
PS (3) - Já há um movimento no PSB, ainda bem tímido, dando os primeiros passos e restrito aos bastidores, no sentido de exigir das duas principais lideranças do partido - Carlos Siqueira, presidente nacional da legenda, e Geraldo Akckmin, vice-presidente da República - uma posição caso o PT insista, de maneira despudorada, na desfiliação de Trindade como condição de apoiá-lo na sucessão de Salvador.
PS (4) - A insistência do PT vai ficar mais incisiva com o fato de que a sigla não tem um nome com viabilidade eleitoral para enfrentar o prefeito Bruno Reis (reeleição). Quem poderia suprir essa carência era o ex-governador Rui Costa. O ministro, no entanto, descartou a possibilidade com um NÃO com todas as letras maiúsculas e em negrito.
Marco Wense
Itabunense, Advogado e Articulista de Política
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