Sim, é verdade que Adélia Pinheiro (PT) teve uma campanha exitosa ao Executivo de Ilhéus (BA), mesmo sem ter sido eleita. Mas como pode ser isso — uma campanha bem-sucedida que não levou à vitória nas urnas? A resposta está no contexto: vista como uma outsider, uma figura considerada “estranha” à política institucional, e candidata por um partido de esquerda em uma cidade historicamente governada pela direita, o fato de ter perdido por uma margem ínfima de votos a torna uma outsider promissora na política local.
Contudo, não se pode esquecer que essa expressividade política só foi — e tem sido — alcançada graças a muita articulação, cálculo e compromissos cuidadosamente construídos a curto, médio e longo prazo. Como se costuma dizer, na política ninguém conquista sozinho. Entretanto, passado o clima de euforia do pós-campanha, as forças vitoriosas voltam-se ao exercício do poder, enquanto as derrotadas se rearticulam sob o arbítrio dos acontecimentos.
Nesse sentido, Adélia, a julgar pelos sinais dados, parece pleitear uma cadeira no Legislativo Federal, contando com a anuência de importantes quadros do PT baiano e nacional. E é justamente aqui que este cronista considera prudente que Adélia reflita sobre os próximos passos: talvez seja o momento de dar um passo menos largo — ou mesmo de assumir uma posição de expectadora engajada — alguém disposta a fortalecer sua base política enquanto aliados e adversários se enfrentam em mais um pleito eleitoral.
Agora, basta saber qual opinião terá mais ascendência sobre Adélia: a de Ednei (decano do PT ilheense) ou a do deputado estadual Rosemberg Evangelista Pinto, mais conhecido como “triturador de novas lideranças”. Se for estratégica, Adélia perceberá que o PT ilheense, embora renovado em sua liderança, não possui poder de mobilização significativo e, neste momento, apresenta baixíssima capilaridade social.
Alguém precisa dizer a Adélia que nossa esquerda “badauê” só enxerga a quebrada como objeto de pesquisa — e que, na política, as conveniências não devem valer mais do que os acordos firmados.
Axé!
Comentários: