O bolsonarismo, mais especificamente o rotulado de "raiz", se enganou em relação ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-homem de inteira confiança do então presidente Jair Messias Bolsonaro (PL).
Esperava-se um Cid ao modo José Dirceu, que trocou sua liberdade pela fidelidade ao Partido dos Trabalhadores, optando pelo silêncio, recusando a dizer o que sabia via instituto da delação premiada.
Não à toa que José Dirceu, que chegou até a fazer uma vaquinha entre os companheiros para ajudar nas suas despesas, principalmente relacionadas aos processos judiciais, é considerado como um "herói" pelo lulopetismo.
O tenente-coronel Mauro Cid deu um chega pra lá na tentativa de fazer dele uma espécie de "José Dirceu". Para o bolsonarismo, Cid é um patriota traidor. Popularmente falando, um dedo-duro ou, se o caro leitor preferir, um traíra. Religiosamente, um Judas Iscariotes.
Entre outros depoimentos, Cid disse, em sua delação premiada, que o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, e Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, "faziam parte de um grupo de conselheiros radicais que incitava o então presidente da República Jair Bolsonaro a dar um golpe de Estado e não aceitar a derrota nas eleições do ano passado".
E o pior é que Cid, persona non grata do bolsonarismo, anda dizendo que ainda tem muita coisa para delatar, como estivesse esperando o momento certo para uma denúncia mais bombástica, um tiro de misericórdia.
A esperança de ter um Cid encarnado em um José Dirceu, sendo fiel escudeiro do líder-mor, foi por água abaixo. Cid parece cada vez mais disposto a prejudicar o ex-amigo, que também deve saber das estripulias do agora "amigo da onça".
Vale lembrar que José Dirceu chegou ao ponto de afirmar, peremptoriamente e sem nenhum tipo de constrangimento, que o companheiro Lula não sabia do escândalo do mensalão.
Todo esse bafafá em torno da delação do tenente-coronel vai repercutir no pleito de 2024 ? A pergunta começa a ser feita nos bastidores da sucessão municipal, longe dos holofotes e do povão de Deus.
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